Há memórias que me acompanham desde a infância e, nesse tempo, eu não tinha um enquadramento para elas. Lembro-me do meu pai e de outros homens que se
encontravam por causa de uma guerra que eu, em criança, desconhecia. Contavam
episódios desconexos, alguns sussurrados. Com a recordação destes episódios veio a ideia de que os corpos transportam memórias. O que ficou no corpo do meu pai da Guerra Colonial? Como poderei pensar e sentir o seu corpo enquanto arquivo? Por que é que o seu corpo parece trazer, por vezes, memórias silenciadas? E, num segundo plano, como é que o meu próprio corpo, em cena, poderá revelar algumas destas memórias? Destas perguntas, fez-se investigação e espectáculo. Através de uma narrativa revelando episódios da vida de um homem que passou pela Guerra Colonial (o meu pai), investigo esta ideia de corpo como lugar de memórias. Percorro, neste momento, este arquivo de memórias, o nosso Corpo Suspenso, em cena.
Teatro
Conceito e Direcção: Rita Neves
Criação, Texto, Interpretação: Patrícia Couveiro e Rita Neves
Produção: Xana Lagusi e Rui Pires
Desenho de luz e Sonoplastia: Gonçalo Alegria
Fotografia e vídeo: Mafalda Mendes
Apoio à dramaturgia: Rui Pires
Aconselhamento artístico: Vânia Rodrigues
Apoio ao movimento: Sofia Neuparth
Concepção plástica do espectáculo e apoio aos ensaios: Tiago Vieira
Apoio aos figurinos: Luís Godinho
Fotografia de cena: Alípio Padilha
Comunicação: Álvaro Machado
Entidade programadora: Clube Atlético de Arroios